segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

E agora, Inter?

Torcedor colorado chora após rebaixamento

E agora? Agora é hora de juntar os cacos que sobraram e construir um time para disputar a Série B. Um time que seja competitivo mas que não seja caro. Mesclar jogadores experientes e tentar fazer valer o investimento nas categorias de base, subindo os garotos e dando a primeira oportunidade na carreira deles. 

Infelizmente mais um grande clube da América do Sul foi rebaixado. O primeiro rebaixamento na história de um clube centenário é realmente pesado para os jogadores que entraram para a história de uma forma negativa e, principalmente, para a torcida colorada, que viu o clube ser campeão gaúcho no começo do ano e liderar o Campeonato Brasileiro, mas, por escolhas erradas da diretoria, pagou o preço do rebaixamento. 

Novamente a desorganização na diretoria de um clube resultou no rebaixamento. Escolhas erradas na hora de contratar jogadores e de escolher técnicos (quatro em um ano). Anderson, Ariel e Leandro Almeida são alguns exemplos de péssimas contratações, sem contar o ídolo D'Alessandro, que foi emprestado para o River Plate no início do ano sem nenhuma explicação plausível por parte da diretoria. 

De Argel para Falcão, de Falcão para Celso Roth e de Celso Roth para Lisca: esses foram os quatro técnicos que passaram pelo comando colorado nesse ano. Nenhuma coerência no estilo de jogo, o que resultou em mudanças no esquema e modo de jogar da equipe a cada troca. Jogadores técnicos e importantes para o time, como Valdívia, Seijas e Nico López (contratado a peso de ouro), foram para o banco em um momento no qual o clube precisava de jogadores com a qualidade deles.

A segunda divisão serve de aprendizado e reestruturação. Reestruturação financeira e diretiva, e aprendizado para que isso não ocorra novamente. Clubes grandes como Corinthians e Palmeiras, tiveram que cair para, depois de subir, voltarem ao cenário nacional de títulos.

O Corinthians caiu em 2007 e subiu logo depois, em 2008. A partir da sua subida, ganhou: 1 Mundial de Clubes, 1 Libertadores da América, 1 Recopa Sul-Americana, 2 Campeonatos Brasileiros, 1 Copa do Brasil e 2 Campeonatos Paulistas.

O Palmeiras só aprendeu em sua segunda queda, em 2012. Depois de um 2014 difícil, onde o clube quase foi rebaixado novamente, foi campeão da Copa do Brasil em 2015 e é o atual campeão Brasileiro, sem contar a reestruturação financeira pela qual o clube passou. 

Agora, Internacional, se reestruture em todos os aspectos. Monte um elenco 'barato' e promissor capaz de chegar ao futuro com boas perspectivas. Volte à elite do futebol nacional com dignidade e, talvez, reencontrará o caminho das conquistas e glórias.

"Time grande não cai". Cai, claro que cai, mas mostra sua grandeza ao subir com dignidade e conseguir se reconstruir a partir de sua queda.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Jailson, aquele que cura!

Jailson tem o ex-goleiro Marcos como seu maior ídolo

Em grego, Jailson significa "aquele que cura". Mas cura o que? Bom, para a torcida do Palmeiras, cura a dor de ter seu ídolo, Fernando Prass, machucado. Cura o medo de correr o risco de não ser campeão brasileiro. Cura o medo de acontecer a mesma coisa que em 2014, quando o Palmeiras quase foi rebaixado novamente após ver Fernando Prass sair machucado e não ter um substituto à altura.

O "filho do iluminado", "filho do guerreiro" honrou e escreveu seu nome na história do Palmeiras. Chegou ao seu time de infância, em 2014, para substituir o então lesionado, Prass, mas nem se quer entrou em campo. Viu do banco o clube quase ser rebaixado novamente. Passada a fase ruim, em 2015 foi campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras, mas dessa vez nem no banco ele estava. Em 2016, desacreditado de que poderia ter uma chance de jogar após ver o clube ir atrás do goleiro que defendeu o time rebaixado e com a defesa mais vazada (Avaí), Jailson viu mais uma vez Prass machucar o cotovelo e ficar fora, mas ainda não era sua hora. O escolhido para substituir o ídolo da torcida foi o recém chegado, Vagner. Após alguns jogos e falhas do goleiro, Jailson, enfim teria sua chance.

Aos 35 anos de idade e depois de rodar por clubes do Brasil inteiro, Jailson estreou em uma partida oficial válida pela elite do futebol brasileiro. Ele nunca havia disputado uma partida de série A do Brasileirão. O jogo contra o Vitória, no Allianz Parque, foi um dia muito especial para o goleiro. Ele 'fechou' o gol, foi muito elogiado por todos, inclusive por seus companheiros e não conseguiu esconder a emoção. Foi às lágrimas ao apito final, mostrando o quanto era importante pra ele estrear num jogo de série A, vencendo sem ser vazado e logo no estádio do seu clube de infância, recebendo o apoio da arquibancada.

Ninguém, nem mesmo o torcedor mais maluco, imaginaria que haveria um substituto à altura para um ídolo, muito menos que um goleiro, de 35 anos, que nunca havia disputado uma partida de séria A, seria uma das peças fundamentais para o tão esperado título brasileiro. E mais uma vez Jailson surpreendeu a todos.

"Muito disciplinado, sua aparência transmite sucesso e prestígio, que vêm graças ao grande espírito de competição e capacidade de liderança. Adora desafios". Sua disciplina fez com que trabalhasse durante dois anos esperando apenas por uma oportunidade e, quando teve o desafio de substituir um ídolo do clube, seu espírito de competição falou mais alto e liderou seus companheiros às vitórias.

Jailson, aquele que curou a ansiedade de disputar um jogo de série A por seu clube do coração.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A terra perde craques. O céu ganha estrelas

Guerreiros prontos para mais uma batalha

Quarta-feira, dia 23 de novembro, Arena Condá, 48 minutos do segundo tempo, 0 a 0. O empate levaria a Chapecoense para a final por conta do gol marcado fora, na partida de ida, na Argentina. Agora imagine a seguinte cena: falta para o San Lorenzo, sim o time do Papa. Bola alçada na área, a defesa não consegue afastar e ela sobra para Angeleri que chuta à queima roupa e Danilo, o gigante Danilo, cresce e, com um reflexo, coloca o pé direito junto com os mais de 17 mil presentes no estádio e salva a bola em cima da linha. O juiz apita o fim de jogo e a Chape está classificada de forma heroica para a final da Sul-Americana. 

Se você tentou construir, em sua cabeça, a cena narrada, deve estar pensando como foi o milagre realizado por Danilo, no último lance do jogo, logo contra o time do Papa. Sim, foi um milagre muito comemorado por todos. Mas, infelizmente, a comemoração foi deixada de lado e deu lugar a tristeza seis dias depois. O avião que levava o time da Chapecoense e os jornalistas que cobririam a final, na Colômbia, caiu e matou 71 das 77 pessoas a bordo.

Craques em campo, craques fora dele. Craques nos microfones, craques nos comentários. Essas foram as perdas que a tragédia com o avião da Chapecoense nos deu. O avião que subiu com destino a Medellín, não parou de subir e foi decidir o campeonato lá em cima, no céu. Eles, que queriam apenas o título sul-americano de heróis, conseguiram algo muito maior, o título mundial de estrelas.

Para um clube que há sete anos atrás estava na quarta divisão do futebol brasileiro, chegar à uma final de Copa Sul-Americana sete anos depois é algo inimaginável, mas não para os guerreiros de Chapecó, que emocionaram o mundo, mas que queriam emocionar apenas a própria torcida, que os tinha como ídolos por terem chego a um lugar onde nenhum clube catarinense jamais havia chegado.

O avião partiu para o céu com aqueles que prometeram dar a vida pelo título. Cumpriram a promessa e foram campeões. Não só em campo, mas fora dele também. A grandeza demonstrada por aquelas pessoas que eram muito mais que simples atletas, eram seres humanos assim como todos nós, emocionou o mundo e os fizeram campeões dentro do coração de cada pessoa espalhada pelo mundo.

O Índio Condá que, reza a lenda, uniu todas as tribos em busca da paz, uniu os jogadores de vários estados em busca de um título; uniu torcedores do mundo inteiro para torcerem pela Chapecoense; uniu torcidas rivais por um único objetivo: saudarem àqueles que fizeram de tudo para saírem campeões.

O céu precisava de um time que o representasse, então convocou os atletas da Chapecoense que, humildemente, aceitaram o convite e foram defender o time divino. Precisava de bons jornalistas para cobrirem a partida, então selecionou o que cada emissora tinha de melhor. 

Se o céu é o paraíso, hoje eles estão no verdadeiro "paraíso do futebol".

sábado, 3 de dezembro de 2016

Da desolação à glória

Do corte da seleção olímpica ao título
do Campeonato Brasileiro

No dia 29 de junho, Fernando Prass recebeu uma das notícias mais felizes e importantes de sua carreira: a primeira convocação para defender seu país. Logo para uma Olimpíada em casa, com grande chance de entrar para a história ao conquistar o tão sonhado ouro olímpico. O goleiro não conseguia esconder sua felicidade e orgulho em poder representar mais de 200 milhões de brasileiros com a camisa amarelinha. Mas, pouco mais de um mês depois, Prass voltaria a sentir a dor no cotovelo que o tirou de boa parte da campanha do Palmeiras em 2014, e seria cortado da delegação que disputaria os Jogos Olímpicos.

O baque de se machucar e ter que passar por uma cirurgia logo no melhor momento de sua carreira não o abalou. Se, segundo ele, ele trabalhou sua carreira inteira por essa chance, por que não continuar trabalhando (ainda mais forte) e voltar, agora com a camisa número 1 da seleção principal? Por que não seguir os passos do também ídolo do Palmeiras, Marcos? Assumir a bronca de ir para um time conhecido por sua academia de (grandes) goleiros, disputar uma série B, quase ser rebaixado novamente no ano seguinte e depois, nos dois próximos anos, enfim, vir sua consagração. O que seria mais um ano de trabalho para quem se mostrou paciente por 18 anos?

E assim foi. Prass continuou trabalhando ainda mais forte após a lesão, para poder voltar o quanto antes. Jailson, seu substituto, soube aguentar a pressão de substituir um ídolo palmeirense, possibilitando, assim, que Prass fizesse toda a recuperação sem pressa para voltar e não acontecesse o que aconteceu em 2014 (com a má fase dos goleiros palmeirenses, Prass teve seu tratamento acelerado e não se recuperou 100% antes de voltar).

Quase quatro meses depois de ser cortado da seleção olímpica, relacionado para enfrentar a Chapecoense no "jogo do título" palmeirense, Prass começou no banco e a torcida esperava sua entrada nos minutos finais, para que, tanto ele quanto Jailson, pudessem ser homenageados. Ganhando por 1 a 0 e já comemorando o título no banco de reservas, Cuca chama o ídolo palestrino aos 45 minutos do segundo tempo e o estádio explode em alegrias.

Talvez em uma das melhores e mais marcantes cenas do Campeonato Brasileiro de 2016, todos os jogadores palmeirenses foram até o goleiro Jailson e o abraçaram, como forma de agradecimento e homenagem ao goleiro que ficou 18 jogos sem perder no Brasileirão. No cumprimento entre ele e Prass, a torcida foi ao delírio.

Fernando Prass foi persistente e foi recompensado. Aquilo que lhe foi tirado (a chance de disputar uma Olimpíada em casa), foi dado com um pouco de atraso, é verdade, mas coroou a persistência e o grande trabalho que não só o goleiro realizou durante o ano, mas todo o time do Palmeiras. Prass teve o privilégio de fazer parte do elenco que ganharia o Campeonato Brasileiro depois de 22 anos e entrou, ainda mais, para a galeria de ídolos do verdão.