sábado, 3 de dezembro de 2016

Da desolação à glória

Do corte da seleção olímpica ao título
do Campeonato Brasileiro

No dia 29 de junho, Fernando Prass recebeu uma das notícias mais felizes e importantes de sua carreira: a primeira convocação para defender seu país. Logo para uma Olimpíada em casa, com grande chance de entrar para a história ao conquistar o tão sonhado ouro olímpico. O goleiro não conseguia esconder sua felicidade e orgulho em poder representar mais de 200 milhões de brasileiros com a camisa amarelinha. Mas, pouco mais de um mês depois, Prass voltaria a sentir a dor no cotovelo que o tirou de boa parte da campanha do Palmeiras em 2014, e seria cortado da delegação que disputaria os Jogos Olímpicos.

O baque de se machucar e ter que passar por uma cirurgia logo no melhor momento de sua carreira não o abalou. Se, segundo ele, ele trabalhou sua carreira inteira por essa chance, por que não continuar trabalhando (ainda mais forte) e voltar, agora com a camisa número 1 da seleção principal? Por que não seguir os passos do também ídolo do Palmeiras, Marcos? Assumir a bronca de ir para um time conhecido por sua academia de (grandes) goleiros, disputar uma série B, quase ser rebaixado novamente no ano seguinte e depois, nos dois próximos anos, enfim, vir sua consagração. O que seria mais um ano de trabalho para quem se mostrou paciente por 18 anos?

E assim foi. Prass continuou trabalhando ainda mais forte após a lesão, para poder voltar o quanto antes. Jailson, seu substituto, soube aguentar a pressão de substituir um ídolo palmeirense, possibilitando, assim, que Prass fizesse toda a recuperação sem pressa para voltar e não acontecesse o que aconteceu em 2014 (com a má fase dos goleiros palmeirenses, Prass teve seu tratamento acelerado e não se recuperou 100% antes de voltar).

Quase quatro meses depois de ser cortado da seleção olímpica, relacionado para enfrentar a Chapecoense no "jogo do título" palmeirense, Prass começou no banco e a torcida esperava sua entrada nos minutos finais, para que, tanto ele quanto Jailson, pudessem ser homenageados. Ganhando por 1 a 0 e já comemorando o título no banco de reservas, Cuca chama o ídolo palestrino aos 45 minutos do segundo tempo e o estádio explode em alegrias.

Talvez em uma das melhores e mais marcantes cenas do Campeonato Brasileiro de 2016, todos os jogadores palmeirenses foram até o goleiro Jailson e o abraçaram, como forma de agradecimento e homenagem ao goleiro que ficou 18 jogos sem perder no Brasileirão. No cumprimento entre ele e Prass, a torcida foi ao delírio.

Fernando Prass foi persistente e foi recompensado. Aquilo que lhe foi tirado (a chance de disputar uma Olimpíada em casa), foi dado com um pouco de atraso, é verdade, mas coroou a persistência e o grande trabalho que não só o goleiro realizou durante o ano, mas todo o time do Palmeiras. Prass teve o privilégio de fazer parte do elenco que ganharia o Campeonato Brasileiro depois de 22 anos e entrou, ainda mais, para a galeria de ídolos do verdão.

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