segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A terra perde craques. O céu ganha estrelas

Guerreiros prontos para mais uma batalha

Quarta-feira, dia 23 de novembro, Arena Condá, 48 minutos do segundo tempo, 0 a 0. O empate levaria a Chapecoense para a final por conta do gol marcado fora, na partida de ida, na Argentina. Agora imagine a seguinte cena: falta para o San Lorenzo, sim o time do Papa. Bola alçada na área, a defesa não consegue afastar e ela sobra para Angeleri que chuta à queima roupa e Danilo, o gigante Danilo, cresce e, com um reflexo, coloca o pé direito junto com os mais de 17 mil presentes no estádio e salva a bola em cima da linha. O juiz apita o fim de jogo e a Chape está classificada de forma heroica para a final da Sul-Americana. 

Se você tentou construir, em sua cabeça, a cena narrada, deve estar pensando como foi o milagre realizado por Danilo, no último lance do jogo, logo contra o time do Papa. Sim, foi um milagre muito comemorado por todos. Mas, infelizmente, a comemoração foi deixada de lado e deu lugar a tristeza seis dias depois. O avião que levava o time da Chapecoense e os jornalistas que cobririam a final, na Colômbia, caiu e matou 71 das 77 pessoas a bordo.

Craques em campo, craques fora dele. Craques nos microfones, craques nos comentários. Essas foram as perdas que a tragédia com o avião da Chapecoense nos deu. O avião que subiu com destino a Medellín, não parou de subir e foi decidir o campeonato lá em cima, no céu. Eles, que queriam apenas o título sul-americano de heróis, conseguiram algo muito maior, o título mundial de estrelas.

Para um clube que há sete anos atrás estava na quarta divisão do futebol brasileiro, chegar à uma final de Copa Sul-Americana sete anos depois é algo inimaginável, mas não para os guerreiros de Chapecó, que emocionaram o mundo, mas que queriam emocionar apenas a própria torcida, que os tinha como ídolos por terem chego a um lugar onde nenhum clube catarinense jamais havia chegado.

O avião partiu para o céu com aqueles que prometeram dar a vida pelo título. Cumpriram a promessa e foram campeões. Não só em campo, mas fora dele também. A grandeza demonstrada por aquelas pessoas que eram muito mais que simples atletas, eram seres humanos assim como todos nós, emocionou o mundo e os fizeram campeões dentro do coração de cada pessoa espalhada pelo mundo.

O Índio Condá que, reza a lenda, uniu todas as tribos em busca da paz, uniu os jogadores de vários estados em busca de um título; uniu torcedores do mundo inteiro para torcerem pela Chapecoense; uniu torcidas rivais por um único objetivo: saudarem àqueles que fizeram de tudo para saírem campeões.

O céu precisava de um time que o representasse, então convocou os atletas da Chapecoense que, humildemente, aceitaram o convite e foram defender o time divino. Precisava de bons jornalistas para cobrirem a partida, então selecionou o que cada emissora tinha de melhor. 

Se o céu é o paraíso, hoje eles estão no verdadeiro "paraíso do futebol".

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